Passado o período de férias, volta às aulas trazem consigo a recorrente questão: escolas estão preparadas para responder as emergências? Infelizmente a grande maioria não!
Pasmem, mas nem todos os ambientes escolares tem as condições mínimas para prestar primeiros socorros. Isso incluí até mesmo aquelas pequenas lesões onde é comum ver os primeiros socorros serem feitos no improviso e com procedimentos errados.
Desde 2005 o time da Instrutores Trophy ministrou cursos em dezenas de escolas treinando professores, funcionários, pais e alunos e o retrato da falta de atenção aos primeiros socorros se dá, em nossa análise e experiência por 4 razões principais:
Gestores e professores preferem não acreditar que algo ruim possa acontecer
Falta de conhecimento
Falta de interesse
Redução de custos
Vamos tratar cada um desses tópicos e entender melhor o que acontece por trás dessas situações:
1. Gestores e professores preferem não acreditar que algo ruim possa acontecer
"É melhor bater 3 vezes na madeira e deixar pra lá". A frase é real. Porém, pensar de tal forma não elimina nem afasta o perigo de afogamentos, engasgamento e traumatismo craniano - lesões que são comuns e fatais no ambiente escolar envolvendo crianças.
Faça uma busca simples no Google para encontrar centenas de casos de crianças que hoje não estão mais entre nós ou que tiveram sequelas irreversíveis por conta de acidente na escola.
Proteger bebês e crianças são responsabilidades dos adultos e acreditar que algo tão ruim não irá acontecer é perigoso.
2. Falta de conhecimento
"Ignorância é uma benção" dito popular que não se aplica em nada aos primeiros socorros. Se você souber primeiros socorros e não precisar utilizar ótimo. Quando precisar (e estatisticamente vai precisar), não saber primeiros socorros coloca em risco a vida de nossas crianças - o futuro da nação.
Sabe-se que sem primeiros socorros perde-se em torno de 10% de chances de sobrevivência nos casos de parada cardíaca. Primeiros socorros tem por objetivo:
Manter a vítima viva
Evitar que as condições piorem
Prestar primeiros socorros até a chegada da equipe profissional
3. Falta de interesse
Interesse sobre os primeiros socorros está conectado a estimulo, algo que não temos como padrão curricular nacional. Em outros países as crianças aprendem primeiros socorros na escola desde a infância.
Isso cria um processo virtuoso permitindo que a sociedade tenha conhecimentos sobre como prestar ajuda correta em situações de emergência.
Já tivemos declarações de professores dizendo: "qualquer eu chamo o resgate". Então chamar o Resgate será a solução do problema? Uma criança engasgada terá alguns poucos minutos até que as lesões cerebrais se tornem irreversíveis. Em muitos lugares o Resgate chega com mais de 45 minutos - e isso não é uma crítica, apenas constatação da realidade do nosso pais. Somado a isso, apenas 11% dos municípios brasileiros contam com os serviços de Resgate. Fonte disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/em-apenas-11-dos-municipios-brasileiros-ha-corpo-de-bombeiros-7683532
4. Redução de custos
Pode parecer absurdo escolas tentarem economizar com prevenção de acidentes mas tristemente acontece. Cortar investimentos com cursos de primeiros socorros e prevenção para cuidadores, professores e funcionários é altamente ariscado.
No caso dos acidentes, quem sofre primeiro é a criança - vítima. Em seguida os pais e familiares. A escola não escapa e os funcionários sentem na consciência o peso de não terem ajudado em nada. A direção escolar sofre com mídia e a justiça com indenizações e prisões. Onde há redução de custos nessa conta? Uma criança é capaz somar e subtrair para perceber que o resultado é crítico. Vale o risco?
Perguntas e resposta:
Abaixo. organizamos perguntas no qual pais, professores e gestores escolares podem fazer e ajudar para prevenir acidentes na escola. Vamos avaliar equipe, equipamentos, treinamento e planejamento.
1. Equipe. Escola preparada tem um time selecionado e identificado.
1.1 Quem são os professores treinados com primeiros socorros?
1.2 Quais setores?
1.3 Qual tempo resposta?
1.4 Há histórico de exercícios simulados na escola?
Essas perguntas sobre a equipe são a base de uma escola preparada para prestar primeiros socorros.
2. Equipamento. Não adiante equipe sem equipamentos.
2.1 Quais são os equipamentos de primeiros socorros e combate a princípio de incêndio?
2.2 Onde estão localizados?
2.3 Estão em ordem?
3. Treinamento. Sem treinamento, uma equipe não consegue usar equipamentos. Neste "tripé da preparação para resposta a emergências" treinamento é primordial.
3.1 Quais foram os treinamentos dos últimos 6 meses?
3.2 Que tipo de treinamento?
3.3 Qual a certificação desses cursos?
Por fim, solicite os certificados e avalie consistência e credibilidade da instituição e instrutor. Treinamento sem emissão de Nota Fiscal (NF) é sonegação fiscal. A escola tem direito de receber a NF pela prestação do serviço, no caso treinamento.
4. Planejamento. Uma escola preparada conta com plano de emergência. O objetivo do plano é colocar em prática o tripé: equipe, equipamento e treinamento.
4.1 A escola conta com um Plano de Ação de Emergência (PAE)?
4.2 Esse plano é testado de quanto em quanto tempo?
4.3 O plano é melhorado? Avalie se o planejamento de emergência é apenas um documento ou se de fato é colocado em prática objetivando antecipar emergências.
Considerações finais:
Ações de segurança previnem acidentes, perdas patrimoniais e sofrimento humano? Felizmente a resposta é sim.
Att, Equipe Trophy Treinamentos